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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Pontuação


PONTUAÇÃO



Uma das falhas de redação mais comuns é, sem dúvida alguma, aquela referente ao uso dos sinais de pontuação, particularmente o da vírgula. Isso, por si só, já justifica a importância desta unidade. Serão estudados os seguintes sinais: a vírgula, o ponto-e-vírgula, os dois-pontos, as reticências e as aspas.

VÍRGULA

O estudo desse importantíssimo sinal de pontuação será dividido em duas partes: vírgula dentro da oração e vírgula entre as orações.

Vírgula dentro da oração

Usa-se a vírgula:

a) Para separar elementos coordenados assindéticos. Exemplo: Compraram carne, batata, arroz e maionese.

b) Para isolar termos intercalados e/ou deslocados na oração. Exemplo: Acontecerá, na próxima sexta-feira, a maior feira de automóveis do país.

Observação: adjuntos adverbiais curtos, quando intercalados, só são isolados pela pontuação quando o objetivo do autor é enfatizar tal circunstância. Exemplo:

Ela se encontrou ontem com o irmão. (sem ênfase)

Ela se encontrou, ontem, com o irmão. (com ênfase)

c) Para isolar o aposto explicativo. Exemplo: Carlos, o mecânico, já chegou.

d) Para isolar o vocativo. Exemplo: Carlos, sua encomenda chegou!

e) Para isolar o predicativo adjacente ao termo a que confere um atributo. Exemplo: Jonas, irritado, pegou o carro e acelerou.

f) Para isolar expressões retificativas e explicativas, como ou melhor, aliás, ou seja, isto é, etc. Exemplo: Os meninos, ou melhor, as meninas mereceram uma repreensão naquele dia.

g) Antes das locuções adversativas e sim, e não e mas sim. Exemplo: Ele comprou um DVD, e não um CD.

h) Para indicar a elipse do verbo. Exemplo: Um pediu perdão; outro, dinheiro.

Observação: não se usa vírgula entre o sujeito e o predicado e entre núcleos e seus complementos. Exemplos:

Um desses países, tem feito ótimos acordos com o Brasil. (a vírgula está inadequada, pois separa o sujeito do predicado)

Um desses países tem feito, ótimos acordos com o Brasil. (a vírgula está inadequada, pois separa a locução verbal de seu complemento)

Vírgula entre as orações

Vejam-se agora os principais casos em que se usa a vírgula no período composto.

1) Orações subordinadas substantivas

Geralmente não são separadas por vírgula.

2) Orações subordinadas adjetivas

Só as explicativas são isoladas por vírgulas. Exemplo:

O restaurante da minha tia, que fica ali na esquina, tem ótimos preços.

3) Orações subordinadas adverbiais

Na ordem direta, são precedidas de vírgula somente quando houver pausa. Exemplos:

Só me tranqüilizarei quando você chegar. (sem pausa)

Ela aparentava uma tranqüilidade inabalável, apesar de ter brigado com a mãe. (com pausa)

Na ordem indireta (oração adverbial antes da principal), em regra usa-se a vírgula. Exemplos:

Se chover, não sairei.

Já que ela não o valoriza, procure outra namorada.

4) Orações coordenadas assindéticas

Sempre são separadas por sinal de pontuação. Pode-se usar a vírgula, o ponto-e-vírgula ou o ponto final, dependendo da intensidade da pausa que se queira criar entre elas. Exemplos:

A chuva começou, os animais se guardaram. (pausa menor)

A chuva começou; os animais se guardaram. (pausa intermediária)

A chuva começou. Os animais se guardaram. (pausa maior)

5) Orações coordenadas sindéticas aditivas

Em regra, não se usa a vírgula. Exemplo:

Pegue as suas coisas e suma daqui!

Exceções:

a) A conjunção “e” tem valor adversativo: Este computador é de última geração, e ainda assim me deixa nervoso.

b) A conjunção “e” introduz oração de sujeito diferente do da anterior: Os filhos divertiam-se no canto do salão, e os pais os vigiavam.

c) A oração da esquerda é extensa: As máquinas desse tipo exigem mão-de-obra de profissionais com altíssimo nível de capacitação técnica, e custam mais caro do que você imagina.

d) A conjunção é repetida: "E zumbia, e voava, e voava, e zumbia".  (Machado de Assis, Poesias Completas, p. 314)

6) Orações coordenadas sindéticas alternativas

Em regra, não são separadas por vírgula. Exemplo:

O atendente não me ouviu ou fingiu que não me ouviu.

Exceções:

a) Oração da esquerda extensa: Aquela pessoa de que lhe falei passará os próximos cinco anos preparando-se para as competições, ou resolverá parar tudo e estudar.

b) Conjunção repetida: Ou fica, ou vai.

7) Orações coordenadas sindéticas explicativas

Em regra, usa-se vírgula antes de conjunções explicativas. Exemplo:

Pense melhor, que sua decisão é muito importante.

8) Orações coordenadas sindéticas adversativas e conclusivas

a) Em regra, usa-se uma vírgula antes de tais conjunções. Exemplo:

Carlos traiu a namorada, porém ela ainda o ama.

Carlos traiu a namorada, portanto ela o deixará.

b) Se, porém, entre as orações houver pausa maior, a vírgula virá antes da conjunção:

Carlos traiu a namorada; porém, ela ainda o ama.

Carlos traiu a namorada; portanto, ela o deixará.

Observação: depois da conjunção “mas”, geralmente não se usa a vírgula.

c) Se a conjunção adversativa ou conclusiva aparecer em posição não-inicial da oração, virá, preferencialmente, entre vírgulas:

Carlos traiu a namorada; ela, porém, ainda o ama.

Carlos traiu a namorada; ela, portanto, o deixará.

PONTO-E-VÍRGULA

O ponto-e-vírgula representa uma pausa maior que a da vírgula e menor que a do ponto. É usado principalmente para:

a) marcar pausa intermediária entre orações coordenadas assindéticas. Exemplo: Os meninos queriam chamar atenção; ninguém os viu.

b) separar, da anterior, a oração com elipse do verbo. Exemplo: Ele quer amor; ela, dinheiro.

c) separar, da anterior, a oração com conjunção intercalada. Exemplo: Ele quer amor; ela, porém, só precisa de dinheiro.

d) separar orações mais ou menos extensas, principalmente as que já contêm vírgulas. Exemplo: Eles queriam, acima de tudo, entregar o prêmio a quem o merecia; mas, em vez disso, só conseguiram ser humilhados pelos outros funcionários.

e) separar elementos de enumerações, principalmente quando extensos: Há três tipos de comida: as gostosas, que geralmente fazem mal à saúde; as de gosto ruim, que quase sempre fazem bem; e as insípidas, piores que estas últimas.

DOIS-PONTOS

Os dois-pontos são usados principalmente para:

a) introduzir aposto explicativo: Só quero um presente: você.

b) introduzir enumeração: Tenho duas coisas para falar: fique quieta e abrace-me.

c) introduzir discurso direto: Jonas disse: “Ajudem-me!”.

RETICÊNCIAS

Podem indicar:

a) suspensão do raciocínio: O pai é um gênio. Já o filho...

b) supressa de trechos: Segundo o autor, “... o país só sofrerá”.

c) hesitação da personagem: “É... veja bem... é melhor sairmos”.

d) aumento da emoção: “As palavras únicas de Teresa, em resposta àquela carta, significativa da turvação do infeliz, foram estas: ‘Morrerei, Simão, morrerei. Perdoa tu ao meu destino... Perdi-te... Bem sabes que sorte eu queria dar-te... e morro, porque não posso, nem poderei jamais resgatar-te’”. (Camilo Castelo Branco)

ASPAS

Principais aplicações:

a) metáforas: Ele estava uma “pilha”.

b) discurso direto: O padre perguntou: “É isso mesmo que você quer?”.

c) estrangeirismos pouco comuns: Você deve cobrar “royalties”.

d) neologismos: A América Latina passará por uma “chavezação”?

e) gírias e expressões populares: Ela achou “maneiro” o convite.

f) marcação da isenção do autor: A intenção do ditador era aniquilar as raças “inferiores”.

g) ironia: Está “linda” a sua filha.

CURIOSIDADE

Afinal, deve-se usar vírgula antes da abreviatura “etc.”? Alguns autores dizem que não, uma vez que a forma “et”, da expressão “et coetera”, é uma conjunção aditiva, motivo pelo qual a vírgula deveria ser dispensada. Outros, como Celso Luft, alegam que o falante não tem consciência de que a referida expressão é composta pelo elemento aditivo e, por isso, tende a encará-la como assindética, o que justifica a vírgula. Em suma, como não há consenso, pode-se considerar facultativo o sinal de pontuação nesse caso.

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